Retinopatia diabética tem relação com glaucoma? Entenda melhor

Retinopatia diabética tem relação com glaucoma? Entenda melhor

A retinopatia diabética tem relação com glaucoma, em alguns casos. Portanto, é possível que o paciente com retinopatia diabética desenvolva um glaucoma. Dessa forma, é importante conhecer e entender a ligação entre essas duas doenças oculares, que podem levar à perda da visão.

Para falar mais sobre o assunto, hoje vamos entrevistar a oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, especialista em Glaucoma.

Glaucoma e Retinopatia Diabética estão no ranking das principais causas de perda da visão em todo o mundo

Primeiramente, é importante dizer que o glaucoma e a retinopatia diabética (RD) estão entre as 5 principais causas de cegueira em todo o mundo. Ambas podem levar à perda irreversível da visão.

Mas, será que a retinopatia diabética tem relação com o glaucoma?

Embora sejam duas doenças diferentes, ao longo dos anos vários estudos apontaram que pessoas com diabetes apresentam um risco maior de desenvolver o glaucoma. Além disso, um estudo publicado no Journal of Society for Biomedical Diabetes Research, apontou que após 20 anos do diagnóstico do diabetes, 99% dos pacientes com diabetes tipo 1 e 60% dos pacientes com diabetes tipo 2 terão algum grau de retinopatia diabética.

A prevalência global de glaucoma na população em geral é de aproximadamente 3%, podendo variar de acordo com alguns fatores étnicos, geográficos etc. Em contraste, a prevalência de glaucoma em populações diabéticas varia de 2,5% a 15,6%. Em geral, a maioria dos estudos sugere que a prevalência de glaucoma é aproximadamente 2 a 3 vezes maior em populações diabéticas em comparação com populações não diabéticas.

Agora que ficou mais claro que o diabetes aumenta o risco de desenvolver um glaucoma, vamos entender melhor o que é a retinopatia diabética.

Retinopatia diabética afeta o “fundo do olho”

A retinopatia diabética é uma doença que afeta a retina, popularmente chamada de “fundo do olho”. “No diabetes, o organismo não consegue metabolizar a glicose, devido à insuficiência da insulina. As alterações nos níveis da glicose resultam no acúmulo de substâncias nas paredes dos vasos sanguíneos. Como a retina tem muitos vasos, essa situação pode levar a sangramentos e ao crescimento de neovasos na região”, explica Dra. Maria Beatriz.

“Adicionalmente, ocorre um estreitamento dos vasos sanguíneos, com importante redução na circulação de sangue. Isso, por sua vez, pode prejudicar a retina e demais estruturas oculares que dependem de um bom fluxo sanguíneo para funcionar, o que inclui o nervo óptico”, comenta a especialista.

Já o glaucoma é o nome dado a uma série de condições que afetam o nervo óptico, causando lesões irreversíveis. Como resultado, ocorre perda do campo visual. O principal fator de risco é o aumento da pressão intraocular. Contudo, algumas formas de glaucoma podem ter relação com problemas na circulação sanguínea, como o glaucoma neovascular, associado ao diabetes.

Diabetes e glaucoma compartilham alguns fatores de risco

Em conclusão: além do diabetes aumentar o risco de glaucoma, quando o paciente diabético desenvolve a retinopatia diabética há um risco maior de desenvolver o glaucoma neovascular.

“Inicialmente, precisamos entender que tanto o diabetes quanto o glaucoma parecem compartilhar alguns fatores de risco. Alguns estudos apontaram que a presença de diabetes e níveis elevados de glicemia de jejum estão associados à pressão intraocular elevada – principal fator de risco para o glaucoma”, comenta Dra. Maria Beatriz.

Para além disso, estudos recentes mostraram que a neurodegeneração também é um componente significativo em pacientes com diabetes. Ou seja, a doença também afeta as células nervosas, como as do nervo óptico.

Retinopatia diabética tem relação com glaucoma neovascular

A retinopatia diabética tem relação com o glaucoma neovascular, uma forma rara e de difícil tratamento. A retinopatia diabética, especialmente nos estágios mais avançados (proliferativa), causa crescimento anormal de vasos sanguíneos na retina.

“Dessa maneira, esses vasos anormais podem crescer na íris e no ângulo de drenagem do olho (estrutura que permite a saída do humor aquoso). Isso, por sua vez, pode bloquear a drenagem do líquido intraocular, resultando em aumento da pressão intraocular (PIO). Como resultado, o paciente pode desenvolver o glaucoma neovascular, uma forma agressiva e de difícil controle do glaucoma”, ressalta Dra. Maria Beatriz.

Segundo um estudo, a retinopatia diabética é a principal causa de glaucoma neovascular nos Estados Unidos, representando mais de 50% dos casos.

Pacientes com diabetes precisam de acompanhamento oftalmológico

“Finalmente, é crucial entender que os pacientes com diagnóstico de diabetes precisam realizar um acompanhamento regular com um oftalmologista ao longo do curso da doença. Adicionalmente, é de extrema importância manter um controle rigoroso do diabetes, o que pode prevenir complicações como o glaucoma e a retinopatia diabética”, conclui Dra. Maria Beatriz.

 Dra. Maria Beatriz Guerios  é Oftalmologista Geral e especialista em Glaucoma, bem como faz parte de uma equipe altamente capacitada, com as mais diversas especialidades da oftalmologia.

O consultório fica na cidade de São Paulo, na Vila Nova Conceição (zona Sul).

Para mais informações, ligue para (11) 3846-0200

 

Matéria produzida pela jornalista Leda Maria Sangiorgio – MTB 30.714
É expressamente proibida a cópia parcial ou total do material, sob pena da Lei de Direitos Autorais, número 10.695. 

 

Fontes:

https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC5310929/

https://www.frontiersin.org/journals/endocrinology/articles/10.3389/fendo.2023.1102361/full

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