Qual a relação da miopia com o glaucoma?
A relação da miopia com o glaucoma é que esse erro refrativo é considerado um fator de risco para as lesões no nervo óptico.
Mas, antes de falarmos mais sobre isso, é preciso entender melhor o que é miopia.
Miopia: uma epidemia global
Não é novidade que os casos de miopia crescem de forma exponencial em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050 metade da população global será míope.
Uma vez que a miopia é um fator de risco para o glaucoma, principal causa de cegueira irreversível do mundo, é preciso dar mais atenção à relação entre essas duas condições.
O que é miopia?
A miopia é um dos erros refrativos mais comuns em todo o mundo. Quem é míope tem dificuldade de enxergar de longe, ou seja, as pessoas com miopia enxergam imagens embaçadas ao longe, mas costumam enxergar bem de perto.
Qual a causa da miopia?
Para conseguirmos enxergar com nitidez, é preciso que a luz entre e chegue na retina. O caminho da luz precisa ser transparente e numa angulação que leve o foco da luz para o fundo do olho (retina).
O foco depende das seguintes estruturas oculares:
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Córnea: trata-se da parte da frente do olho. É um tecido fino e transparente que pode ser chamado da “tampa do olho”. A curvatura e a espessura da córnea variam de pessoa para pessoa.
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Cristalino: O cristalino pode ser comparado a uma lente que dá nitidez à visão, sendo responsável por jogar a luz para frente ou para trás da retina, dependendo do tipo de visão que se necessita (perto ou longe).
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Tamanho do olho: O olho cresce na medida em que crescemos. Mas, cada pessoa tem um tamanho específico de olho. O tamanho do olho, juntamente com a curvatura da córnea, determina a trajetória da luz.
A miopia ocorre quando a pessoa tem um olho muito grande ou uma córnea muito curvada. A partir dessas características, a luz entra e não chega ao fundo da retina. Com isso, a visão de longe perde sua nitidez e a pessoa enxerga tudo embaçado.
Quais os tipos de miopia?
Felizmente, a maioria dos casos de miopia é tratada por meio de lentes de correção de grau. A pessoa pode usar óculos, lentes de contato e, após os 18 anos, pode realizar uma cirurgia refrativa.
Contudo, existe um tipo de miopia que é considerada uma doença, a miopia patológica (MP) ou degenerativa. É uma condição rara que causa alterações irreversíveis na parte de trás do globo ocular. Isso quer dizer que a MP pode danificar a retina, o cristalino e o nervo óptico.
Por isso, esses pacientes têm risco bastante aumentado para desenvolver o glaucoma, descolamento de retina e catarata, por exemplo. Os principais fatores de risco são o comprimento do globo ocular e história familiar de miopia.
Relação da Miopia com o Glaucoma
A miopia, por si só, é um dos fatores de risco para desenvolver o glaucoma. Um estudo recente, publicado no American Journal of Ophthalmology, apontou que para cada grau de aumento da miopia, o risco de glaucoma eleva-se em, aproximadamente, 20%. O risco é ainda maior para a miopia de alto grau (acima de 6).
Como existe essa relação da miopia com o glaucoma, todas as pessoas que são míopes devem fazer um acompanhamento anual com o oftalmologista. As que mais devem se preocupar são àquelas com graus médios (2 a 3 graus).
Naturalmente, caso a pessoa tenha a miopia patológica, o acompanhamento deve ser mais frequente.
Desafio diagnóstico
O diagnóstico do glaucoma em pessoas com miopia patológica é um desafio para os oftalmologistas.
Isso porque a miopia degenerativa causa alterações no nervo óptico e no campo visual, sem que isso represente, necessariamente, o desenvolvimento do glaucoma.
Por isso, é de extrema importância que os exames como a campimetria e a OCT (tomografia de coerência óptica) sejam interpretados por um especialista em glaucoma.
Em muitos casos, o oftalmologista opta por tratar o paciente, mesmo quando não há uma conclusão a respeito do diagnóstico do glaucoma.
Por fim, como você viu, a miopia é um fator de risco para desenvolver o glaucoma. Portanto, se você é míope, procure seu oftalmologista para uma avaliação anualmente ou com mais frequência, caso isso seja recomendado pelo médico.