Problemas de visão na menopausa: Quais são e como tratar
Os problemas de visão na menopausa podem afetar muito a qualidade de vida das mulheres. Dessa forma, nessa fase da vida há um risco maior de desenvolver algumas doenças oftalmológicas. Contudo, nem todas essas condições têm relação com a menopausa. Na verdade, algumas patologias são resultado do processo natural do envelhecimento.
Para conhecer melhor os problemas de visão na menopausa, vamos entrevistar a oftalmologista geral, Dra. Maria Beatriz Guerios, que também é especialista em Glaucoma.
Problemas de visão na menopausa – O que você precisa saber
Primeiramente, é importante esclarecer que a menopausa representa o fim do ciclo reprodutivo da mulher e ocorre entre os 45 e 55 anos de idade. O processo acontece quando há um declínio na produção dos hormônios sexuais, como o estrogênio, a progesterona e a testosterona. O que nem todo mundo sabe, é que esses hormônios também são importantes para outros sistemas do corpo humano, especialmente o estrogênio.
“Infelizmente, a menopausa acarreta muitos desconfortos para a mulher, além de aumentar o risco de desenvolvimento de alguns problemas de visão. Contudo, é importante entender que além da questão hormonal, temos a interferência do processo natural do envelhecimento, que também aumenta a chance de desenvolver doenças oftalmológicas”, explica Dra. Maria Beatriz.
Problemas oculares mais comums em mulheres na menopausa
Olho seco e Blefarite
Uns dos principais problemas de visão na menopausa são o olho seco a blefarite. Ambas as condições ocorrem devido a alterações nas glândulas sebáceas das pálpebras, chamadas de glândulas de Meibômio. Essas glândulas produzem e secretam o meibum, sebo que compõe uma das camadas do filme lacrimal.
“O filme lacrimal é crucial para a saúde da superfície ocular, mantendo-a lubrificada e nutrida. Normalmente, o olho seco é resultado de uma inflamação crônica nas glândulas meibomianas. Esse processo inflamatório pode obstruir os ductos glandulares, bem como alterar a qualidade do sebo. Entre as consequências dessas alterações estão a blefarite, inflamação crônica que atinge as margens palpebrais e a síndrome do olho seco”, aponta a especialista.
“Em geral, os fatores de risco do olho seco e da blefarite em mulheres na fase da menopausa são a terapia de reposição hormonal, especialmente com uso da testosterona, bem como uso de medicamentos para depressão e ansiedade, que podem alterar a produção e secreção do meibum”, acrescenta Dra. Maria Beatriz.
Estima-se que a prevalência do olho seco em mulheres com mais de 50 anos é o dobro daquela encontrada nos homens. Leia mais sobre a síndrome do olho seco aqui.
Menopausa pode aumentar risco de glaucoma
O glaucoma é o nome dado a uma série de doenças que afetam o nervo óptico e podem levar à perda permanente da visão. Normalmente, a prevalência da doença aumenta com a idade, sendo mais comum após os 40 anos.
“Além da idade, estudos ao longo dos anos mostraram que as mulheres que entram na menopausa de forma precoce, têm um risco maior de desenvolver o glaucoma. A razão é que essa precocidade resulta no envelhecimento prematuro do nervo óptico. Com isso, a estrutura fica mais suscetível a sofrer danos e lesões que podem levar ao glaucoma”, conta Dra. Maria Beatriz.
Descubra quais são os outros fatores de risco para o glaucoma aqui.
Menopausa pode levar ao surgimento da catarata antes do tempo
“A catarata senil é uma doença que atinge a maioria das pessoas após os 60 anos. Trata-se da opacificação do cristalino, lente natural dos olhos. Apesar de a idade ser o principal fator de risco da catarata, há estudos que apontam que a menopausa aumenta o risco de desenvolver a condição de forma mais precoce”, diz a especialista.
De acordo com esses estudos, a camada externa do cristalino possui receptores de estrogênio que o protegem de proteínas que podem causar a catarata. Como a produção do estrogênio na menopausa é reduzida de forma drástica, o risco de problemas no cristalino aumenta.
Tratamento é fundamental para melhorar a qualidade de vida
Infelizmente, a qualidade de vida da mulher na menopausa piora muito. Por isso, é sempre importante procurar tratamentos e medidas que possam aliviar os sintomas ou até mesmo curar certar condições, quando isso é possível.
“O glaucoma não tem cura, mas o tratamento é crucial para impedir a perda total da visão. Já a catarata tem cura, pois a cirurgia remove o cristalino e o substitui por uma lente intraocular, o que restabelece a visão”, ressalta Dra. Maria Beatriz.
Tratamento do Olho Seco e da Blefarite com Luz Intensa Pulsada (IPL)
Os sinais e sintomas do olho seco e da blefarite interferem bastante na qualidade de vida. Porém, a boa notícia é que hoje já existe um tratamento que leva à melhora das manifestações, em longo prazo. Trata-se de luz intensa pulsada. “Tenho tido ótimos resultados com a IPL em minhas pacientes que sofrem com olho seco e blefarite. A melhora é notável e os resultados são mantidos por bastante tempo”, comenta a oftalmologista.
Quer saber como funciona a luz intensa pulsada? Leia mais aqui.
Como cuidar da visão na menopausa
Acima de tudo, o envelhecimento e a menopausa são situações inevitáveis, ou seja, todas as mulheres irão passar por essas fases.
“Por outro lado, os cuidados com a saúde, de forma preventiva, podem retardar o aparecimento de muitas doenças ou ainda pode ajudar a detectá-las de forma mais precoce. Dessa forma, a partir dos 40 anos, é crucial que as mulheres realizem consultas oftalmológicas de rotina. Ou seja, os exames de vista devem fazer parte do check up anual da saúde da mulher”, finaliza Dra. Maria Beatriz Guerios.
Dra. Maria Beatriz Guerios é Oftalmologista Geral e especialista em Glaucoma.
O consultório fica nos Jardins, na cidade de São Paulo.
Para mais informações, ligue para (11) 97859- 1080
Matéria produzida pela jornalista Leda Maria Sangiorgio – MTB 30.714
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