Lentes de contato aumentam risco de problemas na córnea

Lentes de contato aumentam risco de problemas na córnea

Usar lentes de contato de forma ininterrupta pode aumentar em 10 vezes o risco de problemas na córnea

 Risco de desenvolver ceratite é 80 vezes maior em usuários de lentes de contato em comparação com a população em geral, segundo estudo

 O mês de setembro foi eleito para aumentar a conscientização da população a respeito do uso de lentes de contato por meio do movimento Setembro Safira. Sem dúvidas, as lentes de contato representam uma alternativa importante para pessoas que não se adaptam aos óculos, bem como para àquelas que preferem não os usar durante atividades sociais e esportivas.

Por outro lado, quando o paciente não segue as recomendações do oftalmologista, as lentes de contato podem causar diversos problemas e doenças que ameaçam a visão. A consequência mais grave do mau uso das lentes de contato é a ceratite microbiana, uma infecção na córnea que pode levar à perda visual.

Segundo um estudo, o uso de lentes de contato é responsável por 52 a 65% dos novos casos de ceratite microbiana. A pesquisa indicou ainda que o risco de ceratite microbiana é 80 vezes maior em pessoas que usam lentes de contato em comparação com àquelas que não utilizam esses dispositivos.

Lentes de contato alteram morfologia ocular

De acordo com Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, as lentes de contato, ao longo do tempo, alteram a fisiologia dos olhos. Quanto maior o tempo de uso, maior o risco de surgirem problemas. As lentes causam prejuízos na nutrição e na oxigenação da córnea, pois afetam o filme lacrimal.

“A superfície ocular fica mais ressecada e, com isso, se torna um ambiente propício para a ocorrência de microlesões. Essas pequenas lesões, por sua vez, aumentam o risco de contaminação por micro-organismos, como bactérias e a Acanthamoeba, levando ao desenvolvimento da ceratite, infecção na córnea”, explica a médica.

Dessa forma, é muito importante que o paciente se conscientize sobre o uso responsável das lentes, para prevenir problemas nos olhos.

Respeitar tempo de uso é crucial

Um dos principais fatores de risco de problemas na córnea, como a ceratite, é usar as lentes de contato por mais tempo do que o recomendado. O uso ininterrupto, ou seja, quando a pessoa permanece com a lente até mesmo para dormir ou praticar atividades aquáticas, aumenta em até 15 vezes o risco de desenvolver ceratite e outras doenças oculares.

“As lentes devem ser retiradas para dormir e para práticas aquáticas. O uso não deve ultrapassar 12 horas por dia. As lentes descartáveis, como o nome diz, devem ser descartadas dentro do prazo indicado pelo fabricante”, alerta Dra. Maria Beatriz.

Inimigo oculto e invisível

Afinal, por que lentes de contato não combinam com atividades aquáticas?

“O motivo é que águas de piscina, rios, cachoeiras e lagos podem estar repletas de um protozoário invisível a olho nu: a Acanthamoeba. Esse parasita unicelular adere às lentes de contato, liberando enzimas e toxinas que destroem o tecido superficial da córnea, condição chamada de ceratite por Acanthamoeba”, comenta Dra. Maria Beatriz.

Estima-se que cerca de 93% dos casos desse tipo de infecção na córnea ocorrem em usuários de lentes de contato. E tem mais: a Acanthamoeba também pode estar presente em água de torneira! Portanto, nunca se deve usar água corrente para higienizar as lentes e o estojo.

Limpeza das lentes deve ser rigorosa

 A limpeza das lentes e do estojo de armazenamento deve ser rigorosa e diária. Acima de tudo, é preciso reforçar que não se deve usar nem soro fisiológico e muito menos água boricada para a higienização das lentes e do estojo. “A água boricada não é um produto estéril como muitas pessoas pensam. Já o soro fisiológico não é capaz de eliminar, de forma eficaz, os resíduos e micro-organismos das lentes”, alerta a especialista.

Portanto, para limpar as lentes de contato e o estojo, é preciso usar, obrigatoriamente, os produtos próprios para essa finalidade. Outro alerta é lavar muito bem as mãos ao manusear as lentes, nos momentos de colocar, tirar e higienizar.

De olho na validade

O estojo das lentes de contato precisa ser trocado a cada 6 meses, devido ao acúmulo de resíduos que nem sempre são removidos na limpeza. Sendo assim, além da troca, também é importante fazer uma esterilização em água fervente.

Sinas de alerta em usuários de lentes de contato

Mesmo com os cuidados, quem usa lentes de contato pode desenvolver alguns problemas oculares. Por isso, é importante ficar atento a sinais e sintomas como:

  • Vermelhidão ocular persistente
  • Irritação e sensação de areia nos olhos frequente
  • Ardência
  • Coceira
  • Acúmulo de secreção, principalmente quando amarelada ou esverdeada (sinais de infecção)
  • Secura ocular
  • Embaçamento visual
  • Dor ocular intensa e repentina

Procure seu Oftalmologista

Em conclusão, as lentes de contato são importantes recursos para quem não se adapta ao uso de óculos. Contudo, exige cuidados e responsabilidade para prevenir problemas oculares que ameaçam a visão.

“O uso responsável envolve desde procurar um oftalmologista que irá indicar as lentes mais adequadas para cada tipo de erro refrativo, entre outras características individuais. Para além disso, o paciente precisa seguir as orientações do médico e do fabricante das lentes”, finaliza Dra. Maria Beatriz.

Dra. Maria Beatriz Guerios  é Oftalmologista. A médica diagnostica e trata o Glaucoma, bem como atua na oftalmologia geral.

O consultório fica nos Jardins, na cidade de São Paulo.

Para mais informações, ligue para (11) 97859- 1080

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