Apneia do sono aumenta risco de glaucoma em 40%
Apneia do sono aumenta em 40% risco de desenvolver glaucoma, diz estudo
A apneia do sono aumenta o risco de desenvolver glaucoma, além de estar associada a danos glaucomatosos mais graves.
Esta foi a conclusão de uma meta-análise recente, publicada no periódico científico Nature. Os pesquisadores não só conseguiram confirmar a relação da apneia do sono com o glaucoma como apontaram a necessidade de investigar os efeitos do tratamento da apneia do sono na progressão do glaucoma.
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, a associação da apneia obstrutiva do sono (AOS) com o glaucoma é uma tema que vem sendo investigado com bastante frequência. “Outros estudos já haviam apontado que pessoas com AOS correm mais risco de desenvolver glaucoma. Portanto, esta meta-análise corrobora os achados e nos alerta para uma triagem mais precoce de pacientes com apneia”.
Muito além do ronco
A apneia obstrutiva do sono afeta de 9% a 24% da população adulta de meia idade. A condição se caracteriza pela obstrução intermitente das vias áreas superiores durante o sono. Durante estas pausas, que podem durar até 2 minutos, o organismo entra em hipóxia. Isto quer dizer que falta oxigênio para as células, incluindo as do nervo óptico.
“A hipoxemia causada pela apneia do sono afeta a circulação em geral. Quando não há suprimento de sangue suficiente no nervo óptico, por exemplo, ocorre a morte celular. Entretanto, os danos nas células nervosas são irreversíveis. No caso do nervo óptico, estes danos se traduzem na perda visual”, explica a oftalmologista.
Doença silenciosa
Enquanto a apneia do sono pode ser mais facilmente identificada pelo ronco, o glaucoma é uma doença silenciosa. Isto porque a perda visual só ocorre nos estágios mais avançados. “O glaucoma é uma neuropatia óptica progressiva e grave. Entretanto, pode passar despercebido ao longo dos anos e quando o paciente percebe alguma alteração na visão, a doença já está instalada. Vale reforçar que a visão perdida não pode ser recuperada”, alerta Dra. Maria Beatriz.
Diagnóstico precoce pode impedir progressão dos danos glaucomatosos
O aumento da pressão intraocular é o principal fator de risco para o glaucoma. Após os 40 anos, a consulta oftalmológica de rotina deve ser feita anualmente.
“Contudo, pessoas com fatores de risco associados ao glaucoma devem procurar o oftalmologista mais cedo. Nesta população podemos incluir os pacientes com diagnóstico de apneia do sono, diabetes, pressão alta, histórico familiar de glaucoma, enxaqueca e doenças vasculares em geral”, adiciona a especialista.
Quanto ao tratamento, o principal objetivo é controlar a pressão intraocular para impedir novos danos no nervo óptico. Caso exista uma condição sistêmica ligada ao glaucoma, como a apneia do sono, também é preciso tratá-la para controlar o glaucoma”, finaliza Dra. Maria Beatriz.