Baixa acuidade visual está associada à depressão em idosos, aponta estudo
Baixa acuidade visual pode estar associada à depressão, diz estudo
A baixa acuidade visual, definida como dificuldade em discernir letras ou números a uma determinada distância, está associada à depressão em indivíduos de meia-idade e idosos, sugere um estudo recente publicado no JAMA Network Open.
A meta-análise que avaliou informações de 114 mil pessoas de um banco de dados do Reino Unido apontou que a deficiência visual aumenta em 19% o risco de depressão em pessoas idosas e de meia-idade. Entre aqueles com deficiência visual, 12,4% apresentavam depressão, em comparação com 9,9% sem problemas na visão.
Além disso, os pesquisadores descobriram que mesmo graus mais leves de perda visual aumentavam o risco de depressão em 5%. Outra descoberta surpreendente foi o compartilhamento de deterioração das estruturas cerebrais presentes na depressão e naqueles com baixa acuidade visual. Esse achado foi possível por meio de imagens da estrutura cerebral.
Baixa acuidade visual aumenta com o envelhecimento da população
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista especialista em glaucoma, o bom funcionamento visual é essencial para a qualidade de vida na terceira idade. Com o envelhecimento da população, os problemas relacionados à visão têm grandes implicações.
“O risco de cegueira é mais elevado nessa população por doenças como glaucoma, catarata e problemas na retina, como a retinopatia diabética”.
“A perda da visão ou a redução da acuidade visual dificulta as atividades diárias, reduz a independência, aumenta a morbidade e a mortalidade em pessoas idosas. Além disso, como esse estudo confirmou, problemas na visão estão ligados à depressão nessa faixa etária. A pesquisa mostrou que há novos caminhos a serem estudados, já que as imagens por ressonância apontaram alterações neurais compartilhadas entre a depressão e a redução da acuidade visual”, comenta Dra. Maria Beatriz.
Baixa acuidade visual e depressão
A deficiência visual aumenta o risco de desenvolver depressão devido a fatores como perda da autonomia e da independência, impedimento de realizar atividades da vida diária como se vestir, caminhar, dirigir, ler, com importante redução da mobilidade. Estima-se que 1 em cada 4 idosos com deficiência visual apresenta sintomas depressivos.
Por outro lado, a depressão também é uma doença cuja prevalência aumenta de forma assustadora em todo o mundo. “Muitos idosos desenvolvem depressão, mas nem sempre é diagnosticada e tratada de forma precoce e adequada. Os cuidados com a saúde visual têm um papel importante na redução da prevalência da depressão em idosos ou ainda na melhora dos sintomas”, diz a médica.
Glaucoma é principal causa de cegueira definitiva
O envelhecimento é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma. “O glaucoma é o termo usado para as doenças que afetam o nervo óptico e causam a perda visual de forma irreversível. Entretanto, o diagnóstico precoce é importante para prevenir que a pessoa perca totalmente a visão e isso também pode contribuir para a melhora do quadro de depressão, caso haja essa comorbidade”, comenta a especialista.
A retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) são doenças que afetam a retina, outra estrutura essencial para a visão. Nesses casos, a perda visual também é definitiva, mas pode ser evitada com tratamento precoce.
Baixa acuidade visual e Triagem precoce
O mais importante é que a maioria das doenças podem ser prevenidas e isso depende de cuidados com a saúde ao longo da vida. Em relação à saúde visual a recomendação é realizar check up oftalmológicos periódicos, principalmente após os 40 anos, idade em que o risco do glaucoma já é maior.
Além disso, o diagnóstico e o tratamento adequado de condições que afetam a visão, como diabetes, também podem prevenir perdas visuais.
“A conclusão é que o tratamento das doenças que afetam a visão em idosos beneficiam a saúde mental e devem fazer parte dos cuidados com a saúde durante toda a vida, inclusive e principalmente em idosos”, finaliza Dra. Maria Beatriz.