Glaucoma Primário de Ângulo Aberto: tudo que você precisa saber
O glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA) é um dos vários tipos de glaucoma, condição que afeta o nervo óptico e pode levar à cegueira irreversível. O GPAA é o tipo mais comum de glaucoma e representa cerca de 90% dos casos.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) o glaucoma é a segunda causa de cegueira em todo o mundo, sendo a principal causa de perda irreversível da visão. A doença afeta de 2 a 3% da população em geral.
Segundo a oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, especialista em glaucoma, o principal fator de risco da doença é o aumento da pressão intraocular. “Quando a pressão dentro do olho aumenta, ela pode causar lesões no nervo óptico. Esses danos são irreversíveis e ao longo do tempo, sem o tratamento adequado, causam a perda definitiva da visão”.
Vale lembrar que glaucoma é o termo usado para descrever uma série de condições que causam danos no nervo óptico. Além disso, o glaucoma tem várias classificações, como o glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), glaucoma primário de ângulo fechado (GPAF), glaucoma secundário, glaucoma congênito e glaucoma juvenil.
Ângulo aberto: o que é isso?
O aumento da pressão intraocular é causado, principalmente, quando o humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular, não é drenado corretamente.
“O humor aquoso é essencial para manter o formato arredondado do olho. A produção e o escoamento são constantes. Entretanto, algumas pessoas apresentam alterações na drenagem. Quando isso ocorre, a pressão dentro do olho aumenta e pode causar as lesões no nervo óptico”, explica Dra. Maria Beatriz.
“O ângulo é o espaço que se forma na junção da córnea (“tampa do olho”) com a íris (parte colorida do olho). É por meio desse espaço que o humor aquoso escoa por meio de uma rede porosa, chamada de malha trabecular que funciona como uma espécie de peneira. “No glaucoma de ângulo aberto ocorre um estreitamento desse ângulo que aumenta a pressão intraocular”, aponta a oftalmologista.
Danos são irreversíveis
O nervo óptico é essencial para a visão, pois é essa estrutura que envia os sinais luminosos para o cérebro para transformá-los nas imagens que enxergamos. Como as células nervosas não se regeneram, as lesões causadas pelo aumento da pressão intraocular são irreversíveis.
“A perda visual do glaucoma ocorre no campo visual periférico, ou seja, na visão lateral. É uma cegueira chamada de “visão em túnel”. A visão vai escurecendo nas partes laterais da imagem.
Caso a doença evolua pode ocorrer o fechamento do campo visual progressivamente, como se a pessoa estivesse olhando para um túnel escuro”, diz a médica.
Glaucoma de ângulo aberto: quem pode ter a doença?
A princípio, qualquer pessoa pode desenvolver um glaucoma. Porém, existem alguns fatores e grupos de risco como:
- Idade acima de 40 anos
- Histórico familiar da doença
- Alto grau de miopia
- Fator Racial
Como saber se tenho glaucoma?
O glaucoma primário de ângulo aberto é uma doença silenciosa em seus estágios iniciais. O aumento da pressão dentro do olho não causa nenhuma manifestação. Normalmente, a pessoa descobre alterações na pressão intraocular durante consultas oftalmológicas de rotina.
Quando a pessoa nota que a visão lateral tem algum grau de comprometimento é possível que o glaucoma esteja num estágio mais avançado. “Por isso, a prevenção do glaucoma começa com as consultas de rotina com o oftalmologista. Além disso, todas as pessoas que têm outros fatores de risco associados, como o histórico familiar, precisam passar por uma triagem mais precocemente”, alerta Dra. Maria Beatriz.
Quais são os exames que podem ajudar no diagnóstico?
- Gonioscopia
- Paquimetria
- Exame de fundo de olho
- OCT (tomografia de coerência óptica)
- Retinografia
- Campimetria
Como é o tratamento do glaucoma de ângulo aberto?
“Em geral, o tratamento para o GPAA é feito por meio de colírios para controlar a pressão intraocular. Entretanto, hoje existem cirurgias minimamente invasivas que podem ser indicadas para quem tem o diagnóstico de glaucoma primário de ângulo aberto. Entre eles podemos citar o implante de stents e a trabeculoplastia seletiva a laser. Vale ressaltar que ambos têm indicação para as fases iniciais da doença, quando há menos danos da região da malha trabecular”, ressalta a especialista.
Recebi o diagnóstico. E agora?
O glaucoma é uma doença crônica e incurável. O tratamento visa impedir novos danos no nervo óptico, o que previne o aumento da perda visual.
“Após o diagnóstico, o paciente tem um papel essencial no tratamento. É fundamental que o paciente siga a prescrição dos colírios e todas as recomendações do oftalmologista. Por fim, as consultas e exames são cruciais para avaliar se a doença está avançando ou se é necessário, por exemplo, realizar cirurgias para o controle da pressão intraocular”, finaliza a médica.