Como é feito o tratamento do glaucoma na gravidez? Quais os riscos?
O tratamento do glaucoma na gravidez é um desafio complexo. Isso porque, o médico precisa tratar a doença na mãe, levando em consideração os potenciais riscos dos medicamentos para o bebê em desenvolvimento.
Antes de mais nada, é preciso dizer que o glaucoma, geralmente, não é uma contraindicação para engravidar. Porém, a mulher precisa adotar certos cuidados na gravidez para assegurar a saúde do bebê e manter o glaucoma controlado.
Por que devo me preocupar?
Embora o número de pacientes com glaucoma que engravidam seja pequeno, é preciso considerar que hoje as mulheres têm tido filhos cada vez mais tarde. E sabe-se que a idade é um dos fatores de risco para o glaucoma.
O primeiro trimestre da gravidez, que vai da 1ª à 8ª semana de gestação, é a fase mais crítica do desenvolvimento fetal. Nesse período, a exposição do feto a medicamentos em geral, incluindo àqueles para tratamento do glaucoma, podem causar malformações, bem como a interrupção da gravidez.
Desse modo, é importante dizer que mulheres que já tenham o diagnóstico do glaucoma, façam um aconselhamento para planejar a gravidez e se organizem para gerenciar o ciclo menstrual para notar, antecipadamente, possíveis atrasos que indiquem uma gravidez.
Quais os problemas que os colírios para glaucoma na gravidez podem causar?
O tratamento do glaucoma mais usado no Brasil é por meio de um colírio análogo da prostaglandina, substância contraindicada na gravidez. Esse medicamento pode induzir à contração da musculatura uterina, levando a um aborto. Os colírios betabloqueadores, também usados para tratar o glaucoma, podem alterar a frequência cardíaca do feto.
Medo pode gerar abandono do tratamento
Uma preocupação dos oftalmologistas é que, normalmente, quando uma paciente com glaucoma engravida, pode sentir medo de que a medicação possa afetar a gravidez. Com isso, a taxa de abandono dos colírios é muito grande nessa fase da vida da mulher.
Contudo, mesmo quando há uma diminuição natural da pressão interna do olho, a gestante com glaucoma precisa submeter-se a um acompanhamento médico mensal e controle rigoroso da pressão intraocular.
Isso reforça a importância de planejar a gravidez e conversar com o oftalmologista que acompanha o glaucoma antes de engravidar.
Objetivos do tratamento do glaucoma na gravidez
O tratamento do glaucoma durante a gravidez visa à minimização do risco para o feto e à preservação da visão da mãe. Dessa maneira, a recomendação é que o tratamento do glaucoma na gravidez seja feito por uma equipe multidisciplinar, que deve envolver o oftalmologista, o obstetra e o neonatologista.
Durante a gravidez, a mulher precisa fazer um acompanhamento rigoroso e periódico junto ao oftalmologista para detectar qualquer alteração na pressão intraocular, bem como perda do campo visual.
Da mesma forma, o desenvolvimento do feto vai demandar um acompanhamento com mais exames e consultas ao longo do pré-natal.
Alternativas cirúrgicas
Uma vez que a maioria dos colírios pode afetar o feto e/ou interromper a gravidez, é preciso avaliar as alternativas para tratar o glaucoma em mulheres grávidas ou naquelas que pretendem engravidar.
Geralmente, a melhor indicação é controlar o glaucoma antes de engravidar. Uma das cirurgias que podem ser feitas em qualquer fase da gravidez é a trabeculoplastia a laser. O implante de stents para melhorar a drenagem do humor aquoso também é indicado para reduzir a necessidade do uso de colírios.
A trabeculoplastia a laser tem um excelente perfil de segurança quando realizada durante a gestação. Além disso, é eficaz para eliminar o uso de colírios. A iridotomia a laser, indicada para glaucomas de ângulo fechado, também se mostra segura caso seja preciso realizar a cirurgia durante a gestação.