Em primeiro lugar, é importante dizer que o glaucoma congênito é uma doença ocular rara.

Entretanto, é uma doença presente desde o nascimento, por isso é chamado de congênito.

O glaucoma se caracteriza pelo aumento da pressão intraocular (PIO). Essa elevação pode causar danos no nervo óptico e levar à cegueira irreversível.

Como o diagnóstico do glaucoma congênito é feito?

A princípio, o glaucoma congênito pode ser diagnosticado ainda na maternidade, pelo Teste do Reflexo Vermelho, mais conhecido como teste do olhinho.

Entretanto, o teste do olhinho pode não ser suficiente para o diagnóstico precoce do glaucoma congênito.

Por isso, recomenda-se que todos os bebês, ainda no primeiro ano de vida, sejam avaliados por um oftalmologista.

Vale ressaltar que essa avaliação é ainda mais importante nos bebês e crianças com histórico familiar de doenças oculares hereditárias, incluindo o glaucoma.

Os bebês cujas mães tiveram doenças como rubéola, herpes, sífilis, zika, toxoplasmose e citomegalovírus durante a gestação também precisam ser encaminhados para uma rigorosa consulta oftalmológica.

O outro grupo de atenção são as crianças com alterações genéticas, como, por exemplo, crianças com síndrome de Down.

Quais são os sintomas?

Os sintomas podem ser inespecíficos. Além disso, podem variar de acordo com a idade e o grau de malformação anatômica do sistema visual.

A criança pode apresentar alterações visuais tanto nos primeiros dias de vida, como ao longo da infância.

Entre os sintomas mais comuns do glaucoma congênito estão a fotofobia (sensibilidade à luz), o lacrimejamento e o blefaroespasmo. Esse último se caracteriza pelo descontrole do ato de piscar.

Contudo, há outras manifestações clínicas, como edema da córnea (inchaço), alargamento da estrutura, bem como alterações no nervo óptico e buftalmia, que é o aumento do volume do globo ocular.

Quais as causas ?

Estudos identificaram que o glaucoma primário congênito é proveniente de uma má formação embrionária, que afeta o desenvolvimento da malha trabecular.

Essa estrutura é responsável pela drenagem do humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular.

Todavia, é a correta drenagem do humor aquoso que mantém a pressão intraocular (PIO) sob controle.

Assim, quando há alguma alteração nesse processo, a PIO aumenta e isso causa danos no nervo óptico. E são esses danos que podem levar à cegueira irreversível.

Como é o tratamento do glaucoma congênito?

O tratamento é feito para evitar a progressão dos danos ao nervo óptico e assim prevenir os danos à visão.

O principal objetivo do tratamento do glaucoma é manter a pressão intraocular controlada.

O tratamento do glaucoma congênito é, basicamente, cirúrgico. Quanto antes for tratado, melhor será o prognóstico.

A técnica cirúrgica vai depender de vários fatores. Mas, em geral, o procedimento é realizado para normalizar a drenagem do humor aquoso e, com isso, evitar os danos no nervo óptico.

É possível prevenir o glaucoma congênito?

Algumas causas pré-natais, ou seja, ligadas à gravidez, podem ser prevenidas. É muito importante que as mulheres na idade fértil estejam com a vacina da rubéola em dia.

Juntamente com isso, é essencial, antes de engravidar, a realização de exames para detectar doenças como a sífilis.

Apesar disso, os outros fatores de risco, com as síndromes genéticas e malformações intrauterinas, não podem ser prevenidos.

O teste do olhinho consegue detectar o glaucoma congênito?

O ideal é que todos os recém-nascidos sejam submetidos ao teste do olhinho na maternidade.

Para além disso, é de suma importância que os pediatras possam reconhecer os sinais e sintomas do glaucoma congênito para encaminhar a criança a um oftalmologista a tempo de evitar a perda da visão.

A criança que tem glaucoma congênito pode perder a visão?

Acima de tudo, é importante dizer que a evolução do glaucoma congênito depende de vários fatores.

Nos casos em que a detecção e o tratamento são precoces, há uma boa chance de evitar a perda da visão.

Quando é preciso procurar um oftalmologista?

Em síntese, a principal recomendação é procurar um oftalmologista ainda no primeiro ano de vida para uma consulta de rotina, principalmente quando há histórico familiar da doença e outros fatores de risco associados.

Quem trata o glaucoma congênito?

O médico oftalmologista, preferencialmente, especializado em glaucoma.

A Dra. Maria Beatriz Guerios é oftalmologista especialista em Glaucoma. A profissional atende em São Paulo.