Uso indiscriminado de colírios pode levar à cegueira
79% da população brasileira usa medicamentos sem prescrição médica, segundo pesquisa do ICTQ
O hábito da automedicação faz parte do dia a dia de 79% dos brasileiros, segundo uma pesquisa realizada em 2018 pelo ICTQ (Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade).
O estudo apontou ainda que indicações de familiares e amigos correspondem a 68% das prescrições, enquanto os balconistas de farmácias são responsáveis por 48% das indicações de medicamentos sem prescrição médica.
Entre os medicamentos usados, sem prescrição médica, estão os colírios. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os colírios não são inofensivos.
Segundo a oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, especialista em glaucoma, há diversos riscos envolvidos na automedicação com colírios.
Perigo em gotas
“Um dos principais problemas é o uso de colírios que contêm em sua formúla corticoides. Embora essa classe de medicamento seja uma das mais usadas em todo o mundo, é extremamente perigosa para a saúde ocular. Entre os principais efeitos adversos de um colírio que contém corticoide estão o glaucoma e a catarata, induzidos por esteroides”, diz a médica.
O glaucoma pode levar à cegueira irreversível, sendo inclusive a principal causa desse tipo de cegueira no mundo.
Riscos Gerais
Dra. Beatriz reforça que mesmo os colírios lubrificantes e descongestionantes podem causar efeitos adversos, quando usados por tempo prolongado ou sem seguir a recomendação de um oftalmologista. Os colírios mais usados, de forma indiscriminada, são aqueles que deixam o olho mais branco. São chamados de colírios descongestionantes.
“São colírios que contraem os vasos sanguíneos oculares. Com isso, a passagem de sangue diminui e clareia o globo ocular. Porém, o uso prolongado e frequente desse tipo de colírio leva ao efeito rebote, ou seja, para atingir o efeito desejado será preciso usar uma dose cada vez maior”, explica a oftalmologista.
“Isso porque os vasos sanguíneos oculares começam a perder a elasticidade. Em alguns casos, embora raros, pode causar alterações cardíacas e aumento da pressão arterial, bem como pode aumentar o risco de desenvolver catarata”, ressalta Dra. Maria Beatriz.
Mesmo os colírios indicados para o olho seco, conhecidos pelo termo lágrimas artificiais, podem causar efeitos colaterais, como turvação transitória da visão imediatamente após a aplicação. Deve-se evitar dirigir ou operar máquinas até que a visão fique novamente nítida.
E se você acha que acabou, tem mais: como qualquer outro medicamento, um colírio pode levar a uma reação alérgica aguda e grave chamada de anafilaxia. Essa situação é uma emergência médica e pode ser fatal.
Portanto, o alerta é claro: nenhum colírio deve ser usado além do período e dosagem prescritos pelo médico.
Cuidados gerais com os colírios
- Só use um colírio com a prescrição de um Oftalmologista
- Colírios não devem ser compartilhados
- Ao aplicar um colírio, evite que o dispensador toque os olhos ou qualquer outra superfície para prevenir uma contaminação e disseminação de micro-organismos
- Feche muito bem a tampa depois do uso
- Fique atento ao prazo de validade do colírio. Em geral, os produtos têm duração de 30 a 120 dias
- Lave bem as mãos antes e depois da aplicação