O que é síndrome do olho seco – Sinais, Sintomas e Tratamento

O que é síndrome do olho seco – Sinais, Sintomas e Tratamento

A síndrome do olho seco, também chamada de ceratoconjuntivite seca, é uma doença que afeta a superfície ocular. A prevalência do olho seco pode variar de 5 a 50% da população, sendo mais comum em mulheres a partir dos 50 anos. Outro fato curioso é que cerca de 70% dos usuários de lentes de contato e 60% dos pacientes com glaucoma desenvolvem o olho seco.

Além de atingir milhões de pessoas em todo o mundo, a síndrome do olho seco interfere na visão e reduz a qualidade de vida. Por estes motivos, em 2017, a TFOS (Tear Film Ocular Surface Society) elegeu o mês de julho para divulgar informações sobre o olho seco para a população em geral. Em 2020, a Associação dos Portadores de Olho Seco – APOS, em parceria com a TFOS, instituiu no Brasil, o Julho Turquesa: Mês da Conscientização do Olho Seco.

Origem do olho seco é multifatorial

Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, o olho seco surge em decorrência de alterações no filme lacrimal. “A lágrima é composta de três camadas: a aquosa, a mucosa e a gordurosa. Todas elas são importantes para manter a superfície ocular saudável. Esta região do olho é composta pela córnea, conjuntiva, episclera e esclera (parte branca dos olhos)”.

“Há duas formas de olho seco: o olho seco evaporativo e o olho seco por deficiência aquosa. O evaporativo é o mais comum e está relacionado a alterações no funcionamento das glândulas sebáceas das pálpebras, chamadas de glândulas de Meibômio. Essas alterações afetam a parte gordurosa da lágrima, formada pelo meibum. Com isso, o filme lacrimal evapora mais rápido, ressecando a superfície ocular”, explica Dra. Maria Beatriz.

8 em cada 10 casos de olho seco são de origem evaporativa

De acordo com estudos, a síndrome do olho seco evaporativa corresponde a cerca de 80% dos casos. A origem desta forma da doença quase sempre está associada a uma condição chamada DGM (disfunção das glândulas meibomianas). A DGM é uma inflamação crônica que desencadeia uma série de problemas, como olho seco, blefarite e meibomite.

“Como já dissemos, as glândulas de Meibômio produzem e secretam a parte oleosa do filme lacrimal. Esses óleos são cruciais para a estabilidade da lágrima, pois evitam a sua evaporação e são responsáveis por nutrir a superfície ocular”, comenta a especialista.

A DGM afeta a qualidade do meibum e sua secreção, pois leva à obstrução dos ductos das glândulas sebáceas. Portanto, o filme lacrimal não consegue cumprir suas funções.

Olho Seco por deficiência aquosa

Já o olho seco causado por deficiência aquosa está associado ao mau funcionamento das glândulas lacrimais e corresponde a cerca de 20% dos casos da doença.

“Normalmente, essa forma do olho seco está presente em pessoas com a síndrome de Sjögren. Trata-se de uma doença autoimune, que pode levar à obstrução do ducto da glândula lacrimal ou ainda reduzir a produção da parte aquosa do filme lacrimal. Por fim, temos casos associados a efeitos adversos de medicamentos utilizados no tratamento de outras patologias”, aponta Dra. Maria Beatriz.

Fatores de Risco do Olho Seco

Existem diversos fatores de risco que podem levar à síndrome do olho seco. Veja abaixo:

  • Uso prolongado de lentes de contatos
  • Uso de colírios para tratar o glaucoma
  • Rosácea
  • Dermatite seborreica
  • Doenças autoimunes
  • Ser mulher
  • Menopausa
  • Reposição hormonal ou uso de hormônios para outros fins
  • Ter passado por uma cirurgia oftalmológica anterior, principalmente para tratar condições relacionadas à córnea

Muito além da secura ocular

“Como o próprio nome já diz, a síndrome do olho seco se caracteriza pela secura ocular persistente. Contudo, os sintomas são variados e incluem outras manifestações como coceira, irritação, ardência, vermelhidão, sensação de areia nos olhos, sensibilidade à luz e embaçamento da visão”, aponta a oftalmologista.

“O olho seco afeta bastante a qualidade de vida, bem como a visão. Nos pacientes com glaucoma, por exemplo, é uma preocupação importante, pois os sintomas podem interferir no tratamento. Muitos pacientes abandonam o uso dos colírios, pois como a superfície ocular fica mais ressecada, o colírio fica mais concentrado. Essa maior concentração gera bastante desconforto. Para além disso, o olho seco também piora a visão, o que em pacientes com glaucoma pode ser ainda mais preocupante”, completa a médica.

Tratamento para síndrome do olho seco

Existem algumas opções de tratamento para o olho seco. Contudo, o uso de colírios de lágrimas artificiais e lubrificantes pode não ser suficiente para resolver o problema. Isto porque os colírios tratam apenas os sintomas e não a causa.

Como o olho seco evaporativo está associado à inflamação das glândulas meibomianas, é preciso pensar em um tratamento que tenha o foco de melhorar esse processo inflamatório.

“Há alguns anos, a Luz Intensa Pulsada (IPL) começou a ser usada com ótimos resultados. Ela age diretamente na inflamação, restabelecendo a função das glândulas sebáceas. Os resultados são excelentes, pois o tratamento cauteriza os vasos que alimentam a inflamação, amolecem as secreções endurecidas e eliminam a proliferação de micro-organismos que agravam o quadro inflamatório”, comenta Dra. Maria Beatriz.

Após o tratamento, que inclui de 3 a 4 sessões, o funcionamento das glândulas de Meibômio volta ao normal. A partir disso, ocorre uma melhora na qualidade do filme lacrimal, com redução importante dos sintomas, em longo prazo.

Já o tratamento para o olho seco por deficiência aquosa é diferente. Quando está associado a doenças sistêmicas, a melhora fica condicionada ao tratamento da causa primária. A abordagem terapêutica envolve mudança de hábitos, bem como o uso de alguns medicamentos e de colírios para combater os sintomas.

Prevenção da síndrome do olho seco

A prevenção do olho seco envolve algumas mudanças de hábito. Confira

  • Quem usa lentes de contato, deve evitar usá-las por tempo prolongado, bem como dormir e praticar esportes aquáticos de lente. O ideal é ter óculos para reduzir o tempo de uso. Quando a pessoa já desenvolveu o olho seco, o ideal é não usar mais as lentes para não agravar os danos na superfície ocular.
  • Os pacientes com glaucoma devem evitar usar colírios com conservantes e outras substâncias que agridam a superfície ocular. Hoje, existe indicação de optar por uma cirurgia para reduzir ou eliminar a necessidade de usar colírios para controle da pressão intraocular, em pacientes com glaucoma leve a moderado

“O olho seco, quando não tratado, pode evoluir e causar danos importantes na córnea, como úlceras e cicatrizes. Portanto, na presença dos sintomas, o paciente deve procurar um oftalmologista para diagnóstico e iniciar o tratamento assim que possível”, finaliza Dra. Maria Beatriz.

Dra. Maria Beatriz Guerios  é Oftalmologista. A médica diagnostica e trata o Glaucoma, bem como atua na oftalmologia geral, incluindo o tratamento da síndrome do olho seco.

O consultório fica nos Jardins, na cidade de São Paulo.

Para mais informações, ligue para (11) 97859- 1080

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