O uso de colírios à base de corticoide pode causar glaucoma, principalmente quando estes medicamentos são usados sem prescrição ou orientação de um oftalmologista. Ou seja, o hábito de se automedicar pode colocar a saúde ocular em risco.

De acordo uma pesquisa do ICTQ (Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade), 79% dos brasileiros têm o hábito de usar medicamentos por conta própria. Contudo, há certos fármacos que aumentam o risco de complicações, como os colírios à base de corticoide, que podem causar glaucoma.

Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, os colírios não são inofensivos, inclusive àqueles usados para lubrificar os olhos, chamados de lágrimas artificiais. “Os colírios que contêm corticoides são usados para doenças oculares com origem inflamatória, na maioria dos casos. Contudo, um dos efeitos adversos destes medicamentos é o aumento da pressão intraocular (PIO). Esta elevação dos níveis da pressão dentro dos olhos pode causar lesões no nervo óptico, levando a um glaucoma”

Em pessoas que já têm o diagnóstico do glaucoma, o perigo também existe. Isto porque o paciente pode apresentar um aumento repentino da PIO, levando a uma crise de glaucoma agudo, por exemplo.

Colírios em geral podem trazer problemas oculares

Para além dos colírios à base de corticoides, temos os colírios usados para lubrificar os olhos, bem como àqueles para reduzir a vermelhidão ocular, chamados de descongestionantes. Caso a pessoa use esses colírios por tempo prolongado, ou ainda sem recomendação do oftalmologista, podem ocorrer diversos problemas.

“Os colírios descongestionantes contraem os vasos sanguíneos dos olhos. A partir da contração, a circulação de sangue diminui e leva ao clareamento do globo ocular. Contudo, quando a pessoa usa por tempo prolongado, pode ocorrer o chamado efeito rebote. Ou seja, para alcançar o mesmo efeito (clareamento do olho), será preciso aumentar a dose”, explica Dra. Maria Beatriz.

“A razão é que os vasos sanguíneos dos olhos perdem a elasticidade. Em alguns casos, embora raros, a pessoa pode apresentar alterações cardíacas e aumenta da pressão arterial. Outro efeito adverso dos colírios descongestionantes é o desenvolvimento precoce de catarata”, complementa a médica.

Colírios para lubrificar os olhos também podem trazer problemas

Um dos problemas mais frequentes, em pessoas a partir dos 50 anos, é o olho seco. Os colírios conhecidos como “lágrimas artificiais” também costumam estar na lista dos medicamentos usados por conta própria. Contudo, estes fármacos também têm efeitos colaterais. “A pessoa pode apresentar visão turva durante algum tempo, após a instilação. Por este motivo, é preciso evitar dirigir ou operar máquinas até que a nitidez da visão volte ao normal”, aponta Dra. Maria Beatriz.

Reação alérgica também faz parte dos efeitos colaterais indesejados dos colírios

Qualquer pessoa está sujeita a apresentar uma reação alérgica aguda a medicamentos, inclusive aos colírios. Desta maneira, é preciso estar atento a essa situação, chamada de anafilaxia. Trata-se de uma emergência médica e, em alguns casos, pode levar a pessoa ao óbito.

Em conclusão: jamais se deve usar colírios sem prescrição e orientação de um oftalmologista, especialmente os colírios à base de corticoides que podem causar glaucoma.

Use colírios de forma segura

• Nunca use colírios sem a prescrição de um oftalmologista
• Os colírios não devem ser compartilhados
• Ao aplicar um colírio, não deixe que o dispensador encoste nos olhos ou em outras superfícies. Caso isso aconteça, o risco de contaminação por micro-organismos aumenta e pode trazer outras complicações
• Em geral, colírios vencem em 30 dias, após serem abertos. Portanto, sempre fique atento ao prazo de validade
• Antes de aplicar um colírio, lave bem as mãos
• Mantenha os colírios em local seco e protegido do calor

Dra. Maria Beatriz Guerios  é Oftalmologista. A médica diagnostica e trata o Glaucoma, bem como atua na oftalmologia geral.

O consultório fica nos Jardins, na cidade de São Paulo.

Para mais informações, ligue para (11) 97859- 1080