Novos Tratamentos para o Glaucoma – Conheça quais são
Os novos tratamentos para o glaucoma, ou seja, o que existe de mais moderno em relação ao gerenciamento da doença, é o tema do nosso último artigo em referência ao Maio Verde, mês de conscientização a respeito do glaucoma.
Como falamos no post anterior (para ler clique aqui), atualmente o tratamento do glaucoma envolve o uso de colírios ou cirurgias, para controle da pressão intraocular. Contudo, nos últimos anos surgiram pesquisas e estudos a respeito de novas abordagens para controle da doença.
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista especialista em Glaucoma, é importante dizer que nem todos os tratamentos recentes estão disponíveis no Brasil. “Para além disto, muitas abordagens de tratamento para o glaucoma encontram-se em fases de estudos clínicos. De qualquer maneira, a perspectiva para os próximos anos é muito boa”.
Vamos agora conhecer um pouco mais sobre os novos tratamentos para o glaucoma e as futuras abordagens.
Novos tratamentos para o Glaucoma envolvem uso de colírios com efeito neuroprotetor
-
Brimonidina
A brimonidina é um fármaco que além de controlar a PIO, aumenta a sobrevivência das células nervosas da retina. Para além destes efeitos, a substância protege a retina do dano isquêmico e auxilia na regeneração neural após a lesão. Por enquanto, a brimonidina não está disponível no Brasil.
-
Fator de Crescimento do Nervo Humano Recombinante
O fator de crescimento do nervo humano recombinante (rhNGF) é um agente neuroprotetor, com um perfil de segurança e eficácia favoráveis. No Brasil, já existem colírios à base de rhNGF que são usados no controle da PIO. Alguns estudos apontaram que esta classe medicamentosa também possui efeito neuroprotetor, ou seja, ajuda na preservação do nervo óptico.
-
Fator Neurotrófico Ciliar
O Fator Neurotrófico Ciliar (CNTF) é um neuropeptídeo produzido e liberado pelas células cerebrais. Vários estudos pré-clínicos mostraram que o CNTF aumenta a sobrevivência e a regeneração das células nervosas da retina. Atualmente, uma empresa farmacêutica conduz um estudo em Fase II. Os pacientes receberam um implante (dispositivo) no vítreo, que libera o CNTF e estão em acompanhamento para analisar a segurança e a eficácia do tratamento.
-
Bloqueadores dos Canais de Cálcio
Os bloqueadores dos canais de cálcio (BCCs) são fármacos usados para o controle da hipertensão arterial sistêmica. Estudos mostraram que estes medicamentos estão associados à neuroproteção do glaucoma, principalmente porque melhoram a circulação sanguínea ocular, especialmente no nervo óptico. Outro achado é que os BCCs retardam a progressão dos defeitos no campo visual.
-
Inibidores de Rho-quinase
Os inibidores da Rho-quinase são estudados há décadas para tratar o glaucoma. Hoje, o principal foco das pesquisas é avaliar a capacidade destes fármacos de aumentar o fluxo sanguíneo ocular e a sobrevida das células ganglionares da retina.
Neuroproteção também engloba novos tratamentos para o glaucoma
A neuroproteção no glaucoma refere-se a intervenções que podem prevenir ou retardar a neurodegeneração glaucomatosa, independentemente do controle da pressão intraocular (PIO). Estas abordagens têm sido um dos focos principais no desenvolvimento de tratamentos para o glaucoma.
Alguns estudos demonstraram que os danos oxidativos causam a degeneração da malha trabecular e elevação da PIO. Como resultado, ocorrem danos no nervo óptico que resultam no glaucoma.
Portanto, as pesquisas a respeito do papel dos antioxidantes para combater os danos oxidativos são muito relevantes na área do glaucoma.
Entre os vários antioxidantes, a Coenzima Q10 se mostrou ser útil na eliminação de radicais livres e na minimização do estresse oxidativo. A nicotinamida (vitamina B3 ou NAM) também tem um perfil neuroprotetor favorável no glaucoma, assim como o ginko biloba.
Por fim, a citicolina é um composto endógeno, ou seja, produzido pelo organismo, que tem sido estudada devido ao seu efeito neuroprotetor no glaucoma. Os principais achados científicos apontaram melhora no campo visual, redução na progressão do glaucoma e melhora na função da retina.
Novos tratamentos para o Glaucoma – O papel dos Stents
Sem dúvidas, o advento dos stents para tratamento do glaucoma foi crucial para controle da PIO e para reduzir a progressão da doença. A novidade é o lançamento de um stent em gel, do tamanho de um cílio. O dispositivo é implantado abaixo da conjuntiva e foi projetado para permanecer no olho, sem necessidade de remoção. A estimativa é que chegue no Brasil em breve.
Acompanhamento e diagnóstico do glaucoma também fazem parte das novidades
Aparelho para medir a PIO em casa
Um dos exames mais importantes para controle do glaucoma é medição da pressão intraocular. Hoje, a tonometria só pode ser realizada durante as consultas oftalmológicas de rotina.
Contudo, em outros países, já existe um tonômetro que permite medir a PIO em casa. O dispositivo ainda não está disponível no Brasil. Para além disto, o valor do aparelho é alto, mesmo para populações de países mais desenvolvidos. A expectativa é que nos próximos anos o valor se torne mais acessível, bem como o aparelho seja comercializado em outros países.
Lente do futuro
Atualmente, existe uma lente de contato que é capaz de medir a pressão intraocular 24 horas por dia. A lente funciona de forma semelhante ao MAPA, exame realizado pelos cardiologistas que mede a pressão arterial durante 24 horas. Embora o dispositivo esteja em fase de estudos, é provável que seja lançada nos próximos anos, como um exame adicional para controle do glaucoma.
Mapeamento Genético
O glaucoma está fortemente associado à genética. Por isto, existem estudos em andamento para realizar o mapeamento genético em pessoas com histórico familiar da doença. Isto pode ajudar a iniciar o tratamento de forma mais precoce, por exemplo.
Envelhecimento populacional demanda novos tratamentos para o glaucoma
O glaucoma é uma das principais causas de cegueira irreversível em todo mundo. Por este motivo, é cada vez mais importante buscar novos métodos de diagnóstico e novos tratamentos para a doença.
“Contudo, é crucial considerar que hoje a principal ferramenta para o diagnóstico precoce é a consulta oftalmológica de rotina, principalmente após os 40 anos. Adicionalmente, pessoas com fatores de risco, como histórico familiar da doença, devem procurar o oftalmologista mais cedo. O uso de neuroprotetores também é uma possibilidade que deve ser levada em consideração no gerenciamento do glaucoma”, finaliza Dra. Maria Beatriz.