Sinais e Sintomas do Olho Seco – O que você precisa saber
Os sinais e sintomas do olho seco podem variar de pessoa para pessoa. Entre as principais manifestações podemos citar a secura ocular, irritação e ardência nos olhos, visão turva, especialmente para ler, sensação de areia nos olhos, acúmulo de ramela, vermelhidão ocular, dificuldade em usar lentes de contato e lacrimejamento.
A síndrome do olho seco, também chamada de ceratoconjuntivite sicca, é uma das doenças oftalmológicas mais comuns em adultos. A prevalência é maior em mulheres, bem como após os 50 anos.
O olho seco pode afetar de 5 a 50% da população em geral, podendo chegar a 70% em usuários de lentes de contato. Por fim, o olho seco afeta 60% das pessoas com diagnóstico de glaucoma.
Afinal, o que é olho seco?
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, quando piscamos, o filme lacrimal se espalha na superfície ocular para mantê-la nutrida e lubrificada. A produção das lágrimas é constante e depende de outras estruturas oculares, como as glândulas lacrimais e as sebáceas. “O filme lacrimal é composto de três camadas: a aquosa, a mucosa e a oleosa. Cada uma delas têm uma função e, quando há problemas na produção das camadas, instala-se o olho seco”.
“A camada oleosa é a parte externa do filme lacrimal, sendo formada pelo meibum, sebo produzido pelas glândulas sebáceas que se localizam nas pálpebras. Esta camada é crucial para manter a superfície do olho lubrificada e nutrida. Ou seja, é esta camada que evita que a lágrima evapore muito rápido”, explica a médica.
No meio do filme lacrimal temos a camada aquosa, cuja principal função é limpar a superfície ocular e eliminar partículas e corpos estranhos. Esta camada é produzida pelas glândulas lacrimais, que se localizam na região ao redor dos olhos. Por fim, temos a camada mucosa que permite a aderência do filme lacrimal à superfície ocular.
Sinais e sintomas do olho seco podem variar de acordo com a origem da patologia
A síndrome do olho seco pode ser classificada como evaporativa ou por deficiência aquosa. Contudo, hoje há indícios de que a maioria dos pacientes apresenta uma combinação destes dois mecanismos. De qualquer maneira, o olho seco por deficiência aquosa está relacionado a problemas nas glândulas lacrimais, à síndrome de Sjogren e ao uso de certos medicamentos.
O tipo mais comum de olho seco é o evaporativo, que ocorre devido à problemas na camada oleosa do filme lacrimal. Neste caso, a quantidade de lágrimas produzidas é normal, entretanto, a qualidade é afetada e isto leva à evaporação excessiva. Esta alteração é frequentemente causada por disfunção das glândulas meibomianas, as glândulas sebáceas das pálpebras.
“As glândulas meibomianas produzem e secretam o meibum, que forma a camada lipídica do filme lacrimal. Portanto, alterações nestas glândulas levam à perda da qualidade da lágrima, que evapora mais rápido. Há também outras causas para a evaporação rápida do filme lacrimal, como deficiência no ato de piscar, fechamento incompleto da pálpebra, uso de lentes de contato, baixa umidade do ar e deficiência de vitamina A.
Todos estes problemas no filme lacrimal desencadeiam um processo inflamatório na superfície ocular, que por sua vez leva ao surgimento dos sinais e sintomas do olho seco.
Fatores de risco do olho seco
- Doenças reumatológicas, como lúpus e síndrome de Sjögren
- Doenças da tireoide
- Blefarite (inflamação crônica nas pálpebras)
- Entrópio (quando as pálpebras se fecham); ectrópio (pálpebras voltadas para fora)
- Uso prolongado de lentes de contato
- Passar por uma cirurgia refrativa a laser
- Fazer uso de colírios para glaucoma
- Passar muitas horas, durante muito tempo, em frente às telas (celulares, computadores e tablets)
- Menopausa
Na presença dos sinais e sintomas do olho seco, procure um oftalmologista
Nem sempre a presença de secura ocular, irritação e outros sintomas está relacionada à síndrome do olho seco. Contudo, na persistência das manifestações típicas do olho seco, o ideal é procurar um oftalmologista.
“Existem muitos testes diferentes que ajudam a diagnosticar o olho seco. Durante uma consulta, podemos medir a qualidade e a espessura do filme lacrimal, bem como o tempo de produção e evaporação das lágrimas. Há também exames específicos e mais apurados, como o Tearcheck, um aparelho moderno que fornece todas as informações sobre o filme lacrimal e a superfície ocular de forma rápida e apurada”, comenta Dra. Maria Beatriz.
Luz Intensa Pulsada leva à remissão dos sinais e sintomas do olho seco
O olho seco pode evoluir e causar problemas na córnea, como perfurações e úlceras. Por isto, é fundamental tratar a condição. Contudo, o tratamento com colírios de lágrimas artificias e lubrificantes nem sempre é suficiente para reduzir ou aliviar os sintomas do olho seco.
A boa notícia é que hoje existe um tratamento feito com a luz intensa pulsada, que não só alivia os sintomas, como leva à remissão das manifestações por tempo prolongado. “É um tratamento feito em 3 sessões, com uma sessão anual de manutenção. O efeito térmico da luz pulsada reduz os fatores inflamatórios, bem como normaliza o funcionamento das glândulas sebáceas”, finaliza Dra. Maria Beatriz.
Mudança de hábitos também é importante
Os sinais e sintomas do olho seco podem melhorar com a adoção de alguns cuidados como:
- Reduzir o tempo gasto em telas (celulares, tablets e computadores). Durante o uso destes dispositivos, é preciso estar atento às piscadas, pois a tendência é piscar menos
- Os ambientes com ar-condicionado e ventiladores são mais secos. Neste caso, o ideal é sempre manter um umidificador para evitar o ressecamento ocular
- Os colírios para glaucoma possuem conservantes que agravam o olho seco. Portanto, é importante optar por colírios sem substâncias que prejudicam o filme lacrimal ou ainda analisar a possibilidade de cirurgias para controle da pressão intraocular. Isto pode eliminar ou reduzir a necessidade do uso dos colírios