Como é a perda da visão no glaucoma
A perda da visão no glaucoma se dá no campo visual periférico, ou seja, lateral. As pessoas com glaucoma costumam usar o termo “visão de túnel” para explicar como estão enxergando. A visão periférica permite enxergar o campo visual lateral.
Por este motivo, pessoas com glaucoma enxergam bem com a visão central, mas sentem dificuldades em enxergar as imagens nas laterais.
Mas, antes de falarmos mais sobre como acontece a perda da visão no glaucoma, é importante dizer que na maioria dos casos, o paciente não perde completamente a visão.
Como evitar a perda de visão no glaucoma?
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, existem diversos fatores para preservar a visão após o diagnóstico de glaucoma. Estima-se que em países desenvolvidos, o risco da cegueira é de 5%. Contudo, em países menos desenvolvidos ou em casos de diagnóstico tardio, a probabilidade de perda visual é maior. Outra variável é o tipo de glaucoma. Casos de fechamento repentino de ângulo, sem tratamento imediato, podem causar a perda a visão de forma rápida”, explica a médica.
“Há outras doenças oculares, como a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) ou ainda pela retinopatia diabética, por exemplo, que podem ocorrer ao mesmo tempo que o glaucoma. Nestes casos, teremos prejuízos na visão central também”, adiciona.
Perda da visão no glaucoma só ocorre em estágios mais avançados da doença
Infelizmente, na maioria dos casos de glaucoma a perda da visão só é percebida quando a doença está em estágios mais avançados. Por isto, o glaucoma é chamado de “doença silenciosa”. Os principais tipos da doença não causam sinais e sintomas nas fases iniciais.
“Embora o glaucoma seja uma das principais causas de cegueira irreversível em todo o mundo, o diagnóstico da doença não significa que a pessoa vai perder totalmente a visão. Todavia, é muito importante esclarecer que não é possível recuperar o campo visual afetado pelos danos glaucomatosos, ou seja, é uma situação irreversível”, alerta Dra. Maria Beatriz.
Qual o risco de perda da visão no glaucoma?
“Quando o paciente recebe o diagnóstico de glaucoma, costuma sentir angústia e logo imagina que vai perder totalmente a visão. Sendo assim, sempre é importante esclarecer que a cegueira total é a situação mais rara, desde que o diagnóstico e o tratamento sejam precoces. O risco, portanto, está diretamente ligado ao estágio da doença e à falta de tratamento adequado”, aponta Dra. Maria Beatriz.
Também precisamos esclarecer que a perda da visão depende de qual tipo de glaucoma a pessoa tem. Uma crise de glaucoma agudo sem tratamento, por exemplo, pode levar à cegueira de forma rápida. Os casos congênitos também têm um prognóstico menos otimista em relação à perda visual.
Tratamento adequado pode prevenir a perda da visão no glaucoma
O tratamento do glaucoma visa prevenir a progressão da doença para evitar o avanço da perda visual. A principal causa de danos no nervo óptico, que levam ao glaucoma, é o aumento da pressão intraocular (PIO). Desta forma, a meta de todos os tipos de tratamento, medicamentos ou cirúrgicos, é reduzir a PIO para prevenir novas lesões.
O uso de colírios para controle da PIO é o tratamento mais acessível para a maioria da população. Em contrapartida, a taxa de abandono é enorme. Em outras palavras, o paciente pode ter dificuldade em instilar os colírios, principalmente os idosos, é desistir do tratamento.
“Há casos em que é preciso usar vários colírios, várias vezes ao dia. Estes medicamentos causam desconforto ocular durante a aplicação e, ao longo do tempo, levam ao desenvolvimento do olho seco em 60% dos casos”, diz a especialista.
Cirurgias nos estágios iniciais: uma nova perspectiva para prevenir a perda da visão no glaucoma
Recentemente, estudos apontaram que as cirurgias podem ser a primeira opção de tratamento para o glaucoma.
“Estas pesquisas são cruciais, pois os resultados mostram que as cirurgias são efetivas para controlar a pressão intraocular em longo prazo. Além disto, graças aos avanços das técnicas, são procedimentos mais seguros. Portanto, é sempre importante considerar o tratamento cirúrgico, mesmo nos casos iniciais e moderados”, ressalta Dra. Maria Beatriz.
Entre as cirurgias para o glaucoma estão a trabeculoplastia seletiva a laser (SLT), a iridoplastia, iridotomia e implante de stents.
Acompanhamento do glaucoma é imprescindível
“Quando a pessoa recebe o diagnóstico do glaucoma, precisa ter em mente que a doença é crônica. Além disto, o acompanhamento com o oftalmologista deve ser frequente, principalmente para monitorar a pressão intraocular (PIO). Finalmente, há exames que são fundamentais para avaliar o nervo óptico e a retina, para identificar uma possível progressão da perda da visão”, finaliza Dra. Maria Beatriz.