O que é glaucoma juvenil? Quais sintomas e as causas?
O glaucoma juvenil é uma forma de glaucoma de ângulo aberto que se desenvolve em crianças acima dos 5 anos de idade, adolescentes e jovens adultos. Glaucoma é um termo usado para denominar uma série de condições que danificam o nervo óptico levando à perda definitiva da visão. O principal fator de risco para desenvolver a patologia é o aumento da pressão intraocular (PIO).
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, o glaucoma juvenil é uma forma rara da doença, porém é mais preocupante. “Isto porque a pressão intraocular (PIO) é mais elevada e a perda campo visual é mais acentuada em comparação com o glaucoma primário de ângulo aberto de início na idade adulta, após os 40 anos”.
“O principal fator de risco para o desenvolvimento de um glaucoma é o aumento da pressão intraocular. Isto ocorre quando há problemas na drenagem do humor aquoso, líquido que preenche a parte de trás dos olhos. O escoamento e a produção são constantes e dependem da malha trabecular para acontecer”, comenta a médica.
Genética e outros fatores de risco
A malha trabecular é uma rede porosa que tem canais interligados, algo comparável a uma esponja. A saúde deste tecido, portanto, é essencial para o controle da PIO.
“Hoje temos evidências de que o glaucoma juvenil tem ligação com uma mutação genética que causa alterações no trabeculado. A consequência é o aumento da pressão intraocular que culmina no desenvolvimento do glaucoma”, explica Dra. Maria Beatriz.
Outro fator de risco é a alta miopia. Estima-se que mais de 60% dos pacientes com glaucoma juvenil são míopes. “Isto é algo que nos chama a atenção, uma vez nos últimos anos os casos de miopia aumentaram de forma significativa entre a população infantojuvenil. Outro aspecto é que quanto maior o grau, maior o risco de desenvolver o glaucoma”, aponta a especialista.
O glaucoma juvenil é mais comum em homem do que em mulheres. Também está relacionado ao histórico familiar e a pessoas afrodescendentes.
Dor de cabeça constante deve ser investigada
Apesar de o glaucoma ser uma doença silenciosa, a forma juvenil pode se manifestar por meio de episódios frequentes de dor de cabeça e queixas de dificuldades para enxergar. Mas, na maioria dos casos, o diagnóstico ocorre quando já existe perda definitiva do campo visual.
“É importante ressaltar que as consultas de rotina com um oftalmologista são essenciais para a detecção precoce do glaucoma. Durante a consulta, medimos a pressão intraocular e avaliamos a retina e o nervo óptico. Qualquer alteração nestes exames pode sugerir a presença de um glaucoma. E quanto antes for feito o diagnóstico, melhor será o resultado do tratamento”, alerta Dra. Maria Beatriz.
Diagnóstico diferencial: glaucoma juvenil ou congênito
O glaucoma juvenil não deve ser confundido com o glaucoma congênito. O juvenil se desenvolve após os 5 anos de idade. A forma congênita está presente desde o nascimento. O que pode acontecer é que o diagnóstico ocorra de forma tardia.
Outro ponto é que antes de fechar o diagnóstico do glaucoma juvenil, devem ser descartadas outras formas da doença como o glaucoma induzido por corticoides, traumas e lesões nos olhos.
Tratamento precoce impede evolução do glaucoma juvenil
Embora o glaucoma não tenha cura, tem tratamento. E quanto antes o tratamento for feito, maior a chance de impedir novos danos na visão. O principal objetivo é controlar a pressão intraocular.
Geralmente, o glaucoma juvenil não responde tão bem ao tratamento com colírios. Portanto, é mais comum encaminhar o paciente com glaucoma juvenil para a cirurgia.
Há várias técnicas cirúrgicas para tratar o glaucoma juvenil como a trabeculoplastia seletiva a laser (SLT), a trabeculectomia e implante de stents. O foco é controlar a pressão intraocular de forma mais consistente para impedir danos no nervo óptico.
Prognóstico do Glaucoma Juvenil é bom, desde que o tratamento seja precoce
O prognóstico do glaucoma juvenil é favorável, quando diagnosticado e tratado no início do curso da doença. “A recomendação é levar o bebê em seu primeiro ano de vida para uma consulta oftalmológica e manter as avaliações de forma periódica ao longo da infância e adolescência. Por outro lado, pessoas com histórico familiar da doença e outros fatores de risco, como a miopia, devem fazer um acompanhamento mais regular com o oftalmologista”, finaliza Dra. Maria Beatriz.