Pressão baixa aumenta risco de desenvolver glaucoma, diz estudo
A pressão baixa aumenta o risco de desenvolver glaucoma de ângulo aberto. Além disto, a hipotensão também eleva a chance de progressão da doença. Esta foi a conclusão de um artigo publicado, recentemente, no periódico científico Ophthalmology.
Ao longo dos anos, outros estudos apontaram que a pressão baixa, principalmente a diastólica, aumenta o risco de 2 a 6 vezes de o glaucoma progredir. A diferença dos dados anteriores para os deste estudo é que foi demonstrado um efeito direto da pressão arterial na perda de células nervosas da retina.
Pressão baixa pode ser fator de risco modificável
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, os dados deste estudo apontam que alguns aspectos da pressão arterial podem também ser um fator de risco modificável, tanto para prevenir o glaucoma como para impedir sua progressão.
“É interessante dizer que em muitos casos o glaucoma progride, mesmo que a pressão intraocular esteja controlada. Desta maneira, é importante investigar se o paciente apresenta sinais de hipotensão. Uma das principais causas de pressão baixa é o uso de medicamentos para hipertensão de forma inadvertida. Mas há pacientes que apresentam níveis mais baixos de pressão arterial por outros motivos”, reforça a médica.
De olho na pressão diastólica
A pressão arterial (PA) é a medida da força que o sangue precisa para circular nos vasos e chegar aos órgãos. A medida ideal da PA é de 12 por 8. A primeira medida é a pressão sistólica, que se refere à força do sangue contra as paredes das artérias durante a contração dos ventrículos. É durante a sístole que o sangue é enviado para o resto do corpo a partir do coração. A PA sistólica é a primeira medida que vemos quando se afere a pressão.
Já a pressão diastólica mede a força do sangue contra as artérias durante o relaxamento do coração. A diástole, portanto, é o momento em que o coração relaxa e a artéria coronária fornece sangue ao coração. A PA diastólica é o segundo número na leitura da pressão.
A pressão é considerada baixa quando a leitura fica por volta ou abaixo de 9 por 6. O grande perigo da hipotensão é a falta de oxigenação nos órgãos e sistemas do corpo humano, incluindo a retina e o nervo óptico.
Sintomas podem passar despercebidos
A hipotensão repentina pode causar sintomas mais evidentes. Porém, algumas pessoas não apresentam sintomas ou ainda desconhecem as manifestações da pressão baixa. Entre os sinais e sintomas mais comuns da hipotensão estão:
- Tontura
- Taquicardia
- Visão embaçada
- Náuseas e/ou vômitos
- Sensação de desmaio
- Cansaço e fadiga
- Sonolência
- Palidez
- Perda de equilíbrio
- Dificuldade para se concentrar e confusão mental
Pressão baixa e glaucoma: será um fator de risco modificável ?
“Certamente novos estudos são necessários para levantar outros fatores de risco para o glaucoma. Mas, a partir dos dados que já existem, como os deste estudo, podemos expandir nossos conhecimentos e incluir a hipotensão como uma das possíveis causas da progressão do glaucoma ou ainda como um fator de risco para o desenvolvimento da doença”, adiciona a oftalmologista.
“Nestes casos, a recomendação é encaminhar pessoas com hipotensão para uma triagem oftalmológica mais precoce. Outro aspecto é investigar pacientes que apresentam progressão da doença, mesmo com a pressão intraocular controlada”, finaliza Dra. Maria Beatriz.