Consulta oftalmológica de rotina: qual a frequência ideal?
Pesquisa com apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) apontou que 34% da população brasileira adulta nunca foi ao oftalmologista
A consulta oftalmológica de rotina é essencial para prevenir e diagnosticar doenças oculares que podem levar à cegueira, como glaucoma e catarata. Entretanto, cuidar da visão não é um costume no Brasil.
Prova disto é o resultado de uma pesquisa feita pelo Ibope, com apoio da CBO. De acordo com os dados, cerca de 70 milhões de brasileiros adultos nunca foram a um oftalmologista.
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, a maioria das pessoas costuma procurar o médico quando já existe um sintoma.
“Porém, quando se trata da visão, a demora em passar pelo oftalmologista pode atrasar o diagnóstico de doenças que levam à perda definitiva da visão, como o glaucoma. Quando a pessoa realiza consultas de forma preventiva, a chance de evitar sequelas ou de necessitar de tratamentos mais agressivos é menor”.
“Em uma consulta oftalmológica de rotina, o médico pode avaliar o risco pessoal de o paciente desenvolver doenças oculares, por exemplo. Durante a anamnese, aquela primeira parte da consulta, levantamos várias informações pessoais, como o histórico familiar de doenças, presença de condições sistêmicas que podem interferir na visão, além de analisar sinais e sintomas oftalmológicos relatados no momento do exame”, explica a especialista.
Doenças silenciosas
Muitas condições oculares são silenciosas. Quando a pessoa percebe os sintomas é provável que a visão já esteja prejudicada. A perda visual pode ocorrer no glaucoma, na catarata e na degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Estas doenças estão na lista das principais causas de cegueira da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Rotina ou emergência?
Em geral, a procura pelo oftalmologista costuma acontecer quando a pessoa apresenta sinais e sintomas oculares. Estas manifestações podem estar ligadas à quadros agudos ou a doenças mais sérias.
“O que mais recebemos no dia a dia são queixas como vermelhidão, dor de cabeça, visão embaçada e alergias oculares. Os diagnósticos mais comuns são de conjuntivite, terçol e erros refrativos, como miopia, astigmatismo e hipermetropia”, conta Dra. Maria Beatriz.
Existem algumas situações em que a recomendação é procurar um serviço de urgência ou emergência. Entre elas podemos citar traumas, batidas e lesões nos olhos, dor ocular intensa e súbita, visão dupla, perda repentina da visão, inchaço e vermelhidão nas pálpebras.
“Em relação à perda repentina da visão, é importante ressaltar que mesmo que o escurecimento ocorra por alguns segundos, é preciso passar por uma consulta oftalmológica”, acrescenta a médica.
Doenças sistêmicas podem afetar a visão
Outro motivo importante para as consultas oftalmológicas de rotina é a presença de doenças sistêmicas que podem causar danos na visão. “O diabetes, por exemplo, pode danificar os vasos sanguíneos da retina, evoluindo para a retinopatia diabética ao longo do tempo. Desta maneira, quem recebe o diagnóstico do diabetes precisa passar de forma regular por um oftalmologista”, alerta Dra. Maria Beatriz.
A gravidez e a menopausa são fases da vida da mulher que podem interferir na saúde ocular. A gestação pode alterar o grau dos erros refrativos. Já mulheres no climatério podem desenvolver a síndrome do olho seco, que pode ser algo bastante incômodo. Nestes casos, a mulher deve procurar um oftalmologista para uma avaliação.
Consulta oftalmológica deve ser rotina desde a infância
Embora ir ao oftalmologista de forma preventiva não seja comum no Brasil, é preciso mudar este hábito.
Hoje, a recomendação é levar o bebê no primeiro ano de vida para uma avaliação oftalmológica. Quando não existe nenhuma condição presente, uma nova consulta com o oftalmologista deve ser feita por volta dos 3 a 4 anos e, depois, quando a criança entra na escola. Após o término do desenvolvimento visual, que ocorre por volta dos 7 anos, as consultas passam a ser anuais.
Para quem já passou dos 40 anos, o ideal é ir ao oftalmologista de forma mais frequente. O check up oftalmológico é importante para prevenir e diagnosticar as doenças oculares relacionadas ao envelhecimento, como a catarata, glaucoma e degeneração macular relacionada à idade.
“Contudo, é preciso levar em conta que a idade é apenas um dos fatores de risco do glaucoma. Existem inúmeros tipos de glaucoma, inclusive o congênito e o juvenil, que podem aparecer na infância e adolescência. Por isto, as consultas na infância e adolescência são cruciais”, finaliza Dra. Maria Beatriz.