O que é glaucoma de ângulo fechado? Quais os sintomas?
Glaucoma de ângulo fechado representa cerca de 30% de todos os tipos de glaucoma e é a forma mais agressiva da doença
O glaucoma de ângulo fechado é uma das várias formas de glaucoma, termo usado para as diversas condições que causam danos permanentes no nervo óptico e podem causar a perda da visão.
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista especialista em glaucoma, o principal fator de risco para todos os tipos de glaucoma é o aumento da pressão intraocular (PIO). “A pressão dentro dos olhos é controlada por um sistema complexo de produção e drenagem do humor aquoso, líquido que preenche a parte de trás dos olhos. Quando há algum problema nesse sistema de escoamento, a pressão intraocular aumenta e isso pode lesionar o nervo óptico. Como as células nervosas não se regeneram, a perda da visão nesses casos é irreversível”.
Glaucoma de ângulo fechado é o mais preocupante
Muitas pessoas têm dificuldade em entender o significado de ângulo fechado ou aberto. “Estes são termos usados para classificar o glaucoma. O ângulo é um espaço que se forma na junção da córnea com a íris. Por meio de uma estrutura que se encontra nessa região, a malha trabecular, o humor aquoso é drenado de forma constante para manter a pressão intraocular controlada”, explica Dra. Maria Beatriz.
O glaucoma de ângulo fechado ocorre quando há um fechamento parcial ou completo do ângulo. A partir dessa obstrução, o humor aquoso tem sua drenagem comprometida e isso acarreta o aumento da pressão dentro do olho. Vale ressaltar que existem dois tipos de glaucoma de ângulo fechado: o primário e o secundário.
Glaucoma primário de ângulo fechado
Trata-se da forma crônica da doença. Nesses casos, o fechamento ocorre de forma lenta e não causa sintomas e sinais. Em geral, são casos ligados à hereditariedade, idade e outros fatores de risco. A perda da visão é diagnosticada quando a doença já está em um estágio mais avançado.
Glaucoma agudo de ângulo fechado
O glaucoma agudo de ângulo fechado ocorre devido ao fechamento repentino do ângulo. Nesses casos, a pessoa pode ter sintomas como dor ocular intensa, dor de cabeça, visão embaçada, enjoo e vômito. É preciso reforçar que essa forma da doença é uma emergência oftalmológica”, comenta a especialista.
Existe também a forma secundária de glaucoma de ângulo fechado que pode estar associada a outras doenças oculares como a catarata, por exemplo.
Por fim, existe ainda a forma intermitente do glaucoma de ângulo fechado. Nesses casos, os sinais e sintomas são recorrentes, mas costumam se resolver de forma espontânea.
A oftalmologista explica que as lesões no nervo óptico estão relacionadas à duração, intensidade da elevação da PIO e à susceptibilidade individual. “Um glaucoma de ângulo fechado pode mudar de categoria e vice-versa. Isso pode acontecer devido à evolução das alterações anatômicas oculares e às intervenções realizadas”.
Glaucoma e Cegueira
O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo. No Brasil, 1 em cada 4 pessoas diagnosticadas com a doença apresenta o glaucoma de ângulo fechado. O número de pessoas que perdem a visão devido ao glaucoma de ângulo fechado é semelhante ao do glaucoma de ângulo aberto, mesmo sendo menos prevalente.
Esse dado da Sociedade Brasileira de Glaucoma reforça a necessidade da prevenção do glaucoma por meio de exames oftalmológicos regulares a partir dos 40 anos. Além disso, pessoas com histórico familiar e que apresentem outros fatores de risco devem ser acompanhadas mais de perto.
Progressão precisa ser evitada
O principal objetivo do tratamento do glaucoma é prevenir a progressão da doença, ou seja, evitar a perda da visão. Quando o fechamento do ângulo é agudo, o tratamento precisa ser imediato.
“Normalmente, o tratamento destes casos é feito por meio da iridotomia a laser para resolver de forma imediata o escoamento do humor aquoso e consequente controle da pressão intraocular”, comenta Dra. Maria Beatriz.
É importante dizer que em muitos casos a cirurgia a laser pode retardar o fechamento mecânico do ângulo, mesmo nos casos crônicos ou intermitentes.
Para finalizar, é importante ressaltar que todo paciente com diagnóstico de glaucoma precisa realizar acompanhamento regular com o oftalmologista. Também é preciso o comprometimento do paciente em seguir, rigorosamente, o tratamento proposto pelo médico.