Glaucoma Juvenil: o que é? Quais são as causas? Como tratar?

Glaucoma Juvenil: o que é? Quais são as causas? Como tratar?

O glaucoma juvenil é uma neuropatia óptica, que costuma se manifestar em crianças a partir dos cinco anos, adolescentes e em jovens adultos.

Primeiramente, é importante dizer que glaucoma é o termo geral que denomina uma série de condições que podem causar danos ao nervo óptico. O principal fator de risco para desenvolver a patologia é o aumento da pressão intraocular (PIO).

Quais os sintomas do glaucoma juvenil?

A princípio, não há sintomas. Por isso, o diagnóstico, em muitos casos, acontece nos exames oftalmológicos de rotina.

Infelizmente, a presença de sintomas pode indicar um estágio mais avançado da doença. O aumento da pressão intraocular (PIO) causa danos no nervo óptico.

Com isso, esses danos podem afetar o campo visual e levar à perda da visão.

Dor de cabeça e sintomas de perda visual são os principais sinais de alerta para a doença. Entretanto, a miopia está presente em 50% das pessoas com essa forma de glaucoma.

Como é feito o diagnóstico do glaucoma juvenil?

Como a maior parte dos pacientes é assintomática, o diagnóstico costuma ser feito em um exame oftalmológico de rotina.

Durante a consulta, o oftalmologista realiza exames, como a gonioscopia, para avaliar o nervo ótico, além de medir a pressão intraocular.

Lesões no nervo ótico e PIO elevada são importantes marcadores para o diagnóstico dessa patologia.

Histórico Familiar

O glaucoma tem um componente genético muito importante. Isso quer dizer que pessoas com histórico familiar da doença precisam fazer um acompanhamento periódico com um oftalmologista.

Quando há casos de glaucoma em parentes de primeiro grau, como pais e irmãos, o ideal é procurar um oftalmologista ainda no primeiro ano de vida e realizar o acompanhamento de forma regular ao longo da adolescência e da vida adulta.

Como saber se é glaucoma congênito ou juvenil?

Todavia, antes de fechar o diagnóstico, o oftalmologista precisa descartar outros tipos de glaucoma. Isso se chama diagnóstico diferencial.

Há outras formas de glaucoma que podem ocorrer, como

  • Glaucoma congênito de reconhecimento tardio, ou seja, a criança nasceu com glaucoma, mas o diagnóstico foi tardio
  • Glaucoma induzido por corticoides
  • Glaucoma induzido por traumas e lesões oculares
  • Glaucoma inflamatório

O que causa o glaucoma juvenil?

Atualmente, estudos apontam que o glaucoma juvenil está ligado a uma mutação genética cujo resultado seria uma alteração no funcionamento da malha trabecular. Essa estrutura é responsável pela drenagem do humor aquoso.

A drenagem do humor aquoso deve ser constante para manter a pressão intraocular (PIO) equilibrada.

Entretanto, quando há alguma alteração no escoamento da substância, ela se acumula e leva ao aumento da pressão intraocular (PIO). O resultado de uma PIO alta é a destruição das células do nervo óptico.

O nervo óptico é responsável pela ligação entre o olho e o cérebro. Quando há lesões nessa área, as informações visuais captadas pelos olhos não podem ser transmitidas para o processamento cerebral.

Além disso, as lesões são irreversíveis. Portanto, a cegueira causada pelo glaucoma é definitiva.

Como é o tratamento?

O tratamento tem como principal objetivo controlar a pressão intraocular (PIO) para evitar danos no nervo ótico. O glaucoma não tem cura, mas pode ser controlado.

Frequentemente, a forma juvenil do glaucoma pode ser resistente ao tratamento com colírios que controlam a pressão intraocular.

Assim, em muitos casos, a indicação é cirúrgica. O tipo de cirurgia indicada vai depender de vários fatores individuais.

Todavia, em geral, a trabeculectomia é a cirurgia mais realizada nesses casos. O objetivo é criar uma via alternativa para a drenagem do humor aquoso para uma bolsa subconjuntival.

Com isso, o líquido será absorvido pelos vasos sanguíneos subconjuntivais, veias aquosas e vasos linfáticos.

Há outros procedimentos cirúrgicos, como aqueles que usam laser ou ainda o implante de stents para recuperar a capacidade natural do olho em drenar o humor aquoso visando à redução da pressão intraocular.

Como vimos, o glaucoma juvenil não causa sintomas. Quando há perda do campo visual, a doença pode estar num estágio mais avançado.

Por isso, lembre-se: se há histórico familiar de glaucoma, é fundamental fazer acompanhamento oftalmológico desde o nascimento.

Por último, todos os bebês no primeiro ano de vida devem passar por uma avaliação com um oftalmologista.

Dra. Maria Beatriz Guerios é Oftalmologista, especialista em Glaucoma. A médica atende em seu consultório, que fica em São Paulo, na região dos Jardins.

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