Glaucoma induzido por corticoides

Glaucoma induzido por corticoides

Glaucoma é uma designação genérica a um grupo de doenças oculares distintas que provocam danos ao nervo óptico e perda da visão. O glaucoma pode ser classificado em secundário quando é possível identificar o fator que desencadeou o desequilíbrio da pressão intraocular.

E uma das causas desta forma de glaucoma pode ser o uso indiscriminado de colírios à base de corticoide. Estima-se que pelo menos um terço dos casos de glaucoma secundário seja consequência da automedicação.

Os medicamentos à base de corticoides são inestimáveis para diversas especialidades médicas, incluindo a Oftalmologia. A maioria dos colírios que trata doenças oculares tem em sua composição corticoides. Entretanto, a dose e o tempo de tratamento devem ser seguidos à risca. Após o término, é preciso descartar o frasco do colírio.

Entretanto, muitas pessoas guardam os colírios para uso posterior, em situações de olho seco ou para uma irritação ocular, por exemplo. E é exatamente esse fato que pode levar ao desenvolvimento do glaucoma induzido por corticoides.

O perigo por trás dos corticoides

Os corticoides, também chamados de cortisona ou corticosteroides, são uma classe de fármacos sintéticos, com uma potente ação anti-inflamatória. Foram usados pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1912. A primeira descrição de um glaucoma induzido por um corticoide foi feita em 1950.

Os corticoides geram alterações na drenagem do humor aquoso. Como resultado, a pressão intraocular (PIO) aumenta. Essa resposta aos corticoides pode ocorrer algumas semanas ou alguns dias após a aplicação dos colírios que contêm esses fármacos.

Como o glaucoma é uma doença silenciosa, esse aumento da PIO pode causar danos permanentes no nervo ótico. Essas lesões podem, finalmente, levar à cegueira irreversível.

Vale ressaltar que além dos colírios, qualquer outro medicamento de uso tópico que contenha essa classe terapêutica em sua composição, aumenta o risco de desenvolver o glaucoma induzido por corticoides. Sprays nasais, pomadas e cremes são alguns exemplos.

Grupos de risco

A elevação da PIO induzida por corticoides pode ocorrer em qualquer faixa etária, em qualquer pessoa. Contudo, há certas condições que aumentam o risco de desenvolver a condição.

  • Pacientes com glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA)
  • Indivíduos sem diagnóstico de glaucoma, classificados como respondedores fortes para corticoides (aqueles que ao usarem corticoides, respondem acima do esperado)
  • Parentes de primeiro grau de pacientes com GPAA
  • Alta miopia
  • Crianças abaixo de 10 anos de idade e pessoas acima de 60
  • Diabetes mellitus
  • Artrite reumatoide
  • Hipercortisolismo endógeno

Tratamento

Quando o uso do colírio a base de corticoide é interrompido a tempo, a pressão do olho tende a voltar ao normal. Porém, pessoas que usam esses colírios, de forma frequente, têm um risco muito alto de desenvolver o glaucoma e perder a visão.

O principal motivo é que o glaucoma é uma doença silenciosa. Quando há alguma manifestação, é bem provável que a doença esteja num estado avançado.

Um estudo apontou que cada semana de uso de corticoides, em média, ao longo da vida, leva a um risco 4% maior desse tipo de glaucoma. Por isso, as pessoas dos grupos de riscos devem evitar, ao máximo, usar medicamentos dessa classe.

Quando o uso do corticoide, seja em forma de colírios ou tópico, é necessária, é preciso fazer um acompanhamento oftalmológico regular para medir a PIO. Vale lembrar também que o uso indiscriminado de medicações à base de corticoide também pode acelerar o processo de desenvolvimento de uma catarata.

O tratamento do glaucoma visa interromper a progressão da doença, ou seja, evitar que a visão seja prejudicada de forma irreversível.

Colírios, laser, implante de válvulas ou Stents, cirurgias filtrantes e uso de tubos de drenagem são tratamentos possíveis para o glaucoma. A finalidade de todas as técnicas é diminuir a pressão intraocular.

Cada caso deve ser avaliado individualmente para a indicação do tratamento mais apropriado. Por ser uma doença crônica, o acompanhamento regular com um Oftalmologista é fundamental.

Lembre-se: Jamais use colírios sem prescrição médica! Descarte o medicamento após o término do tratamento.

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